Na revolta Síria, os cristãos locais continuam contrários à violência a qual o país foi envolvido nos últimos cinco meses. De acordo com relatórios da BBC, os violentos levantes já dizimaram mais de mil e oitocentas vidas. Considerada a segunda maior comunidade cristã do Oriente Médio, com mais de 1,5 milhão de cristãos, eles se encontram em uma posição muito delicada. Por um lado eles recebem proteção do atual governo, por outro também gostariam de ver reformas políticas em seu país.
Nas últimas semanas, contatos da Portas Abertas na Síria compartilharam o medo da violência sectária e anticristã caso o regime caia. “Nós não queremos que aconteça o mesmo que ocorreu aos cristãos no Iraque”, afirmaram.
A comunidade cristã da Síria tem experimentado mais liberdade sob o regime do Presidente Bashar al-Assad. No início de junho, os líderes da Igreja síria descreveram a situação de maneira uníssona: “Temos por muito tempo vivido em paz. As igrejas evangélicas assim como outras denominações cristãs tem praticado sua fé sob o atual governo sem grandes problemas ou perigos”.
A equipe de Portas Abertas que recentemente visitou a Síria relatou que padres e freiras, pertencentes a várias denominações católicas e ortodoxas, passam a maior parte de seu tempo orando pela restauração da paz e da ordem no país.
Cristãos e outras minorias
Quando as manifestações começaram em março, fontes de Portas Abertas relataram que cristãos e outras minorias sofreram ataques na região de Daraa. Eles também confirmaram que propagandas anticristãs têm aparecido em algumas ruas. Um contato da Portas Abertas no Oriente Médio concluiu que isso tem contribuído para a causa de incidentes, dizendo: “No inicio das manifestações cinco meses atrás, cristãos nos informaram que eles tinha ouvido manifestantes dizerem, ‘cristãos, seus homens são para as nossas espadas e suas mulheres para o nosso prazer!’ Mas tanto quanto sabemos agora, esses incidentes não desencadearam violência generalizada especificamente contra os cristãos. Geralmente, em meio à violência, os cristãos são gratos ao Senhor pela proteção e relativa segurança, mesmo neste momento”.
No entanto, nós também recebemos relatos de que muçulmanos radicais estão forçando cristãos- em uma vila predominantemente cristã, a aderirem à sexta-feira como dia santo ao invés do domingo. Outro cristão relatou sobre como um amigo também cristão foi pressionado a vender suas terras a um muçulmano ao invés de vendê-la a outro cristão. Sermões de imãs radicais, nos quais é usada a palavra ‘Jihad’ causam medo e desconforto na comunidade cristã.
Insegurança e incerteza
A insegurança e a incerteza permanecem. Um contato da Portas Abertas que viajou à Síria em julho passado escapou de um ataque contra o trem no qual estava com outros 480 passageiros. O cristão viajava de trem a caminho de Aleppo, mas guiado pelo Espírito Santo de Deus, sentiu que na volta da viagem não deveria ir de trem, mas de ônibus. Mais tarde ficou sabendo que o mesmo trem em que faria a viagem de volta havia sido atacado. No ataque, além do descarrilhonamento do trem, o maquinista foi morto e alguns passageiros feridos. O cristão agradeceu a Deus pelo livramento e proteção.
Monastérios e orfanatos envolvidos em trabalhos sociais passam por dificuldades financeiras. Viajar pelo país tem se tornado cada vez mais difícil e perigoso, então os monastérios têm recebido poucas visitas e como consequência poucas doações.
No momento, a cidade mais importante para os cristãos sírios, Aleppo, está tranquila, poucas pessoas fugiram e pouca gente se atreve a visitá-la. Um pastor de Aleppo comentou: “As estradas estão perigosas e ninguém quer correr o risco. Sentimo-nos presos e inseguros, ainda que numa prisão pacífica”.
A posição da Igreja
Levando-se em consideração a posição sensível em que a Igreja síria se encontra, um contato da Portas Abertas disse, “Eu vejo os líderes das igrejas tomando uma posição o mais neutra possível. Eles pedem que não acreditemos em tudo o que vemos na mídia ocidental, assim como não acreditam em tudo o que veem na mídia síria”. Liberdade de imprensa não existe na Síria; as informações que os sírios recebem são claramente tendenciosas, tentando fazê-los acreditar que todos os manifestantes são “extremistas estrangeiros”.
“Não podemos nos esquecer de que nossa mídia ocidental é tão tendenciosa quanto”, disse o contato. “Basta lembrarmo-nos do apoio que os sauditas dão à emissora Al Jazeera. Eles querem que o Ocidente acredite que todos os manifestantes são cidadãos pacíficos que querem apenas reformas políticas. Provavelmente haja alguma verdade nisso. As influências externas na Síria, tais como o xiismo iraniano e o sunismo saudita, podem não ser tão visíveis, mas também não devem ser subestimadas.
Contexto regional
No contexto das rápidas mudanças pelas quais passa o Oriente Médio, outro colaborador da Portas
Abertas faz a seguinte observação, “Uma faísca pode ser usada para inflamar diferentes tipos de combustível e, é isso o que tem acontecido no Oriente Médio. Alguns ingredientes são muito parecidos: ditadura, corrupção e liberdade limitada. Mas uma análise mais profunda revela que a Síria dificilmente poderá ser comparada ao Egito, nem o Egito à Tunisia, e a Tunisia é completamente diferente do Iêmen ou do Bahrein. Em cada país a revolução terá seu próprio desenrolar”.
Fonte: 
Nenhum comentário:
Postar um comentário
O seu comentário é muito importante, comente sobre missões, ajude este blog a crescer em ação @TinaErnestinaReis